Em meio às celebrações do Dia do Trabalhador em 1º de maio, a greve dos professores das universidades federais destaca questões críticas de financiamento no ensino superior no Brasil. Após um período de expansão significativa sob os primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva, as universidades federais enfrentaram reduções orçamentárias substanciais durante as administrações de Michel Temer e Jair Bolsonaro. A esperança de um aumento nas verbas com o retorno de Lula ao poder ainda não se materializou.
Na Universidade Federal de Roraima, por exemplo, os professores iniciaram uma greve no dia 22 de abril, reflexo direto das dificuldades financeiras prolongadas. Situações semelhantes são observadas em outras instituições, como a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), onde uma cerimônia simbólica marcou a retomada das obras de construção de salas de aula que estavam paradas há anos devido à falta de recursos.
Este cenário de austeridade resultou em uma diminuição de 68,7% no valor empenhado por estudante entre 2010 e 2022, conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Tais cortes afetaram diretamente a qualidade e a oferta de serviços acadêmicos, com relatos de alunos financiando insumos de laboratório e interrupção de pesquisas.
A greve nas universidades federais, que começou em 15 de abril e se estende por pelo menos 29 instituições, é uma resposta direta a essa crise de financiamento. Ela também reflete um apelo mais amplo por justiça e reconhecimento no ambiente acadêmico, ressoando com as lutas históricas do Dia do Trabalhador por melhores condições de trabalho e reconhecimento profissional.
A recente proposta do governo de reajuste salarial para 2025 e melhorias em benefícios como auxílio-alimentação e saúde pode ser vista como um passo positivo, mas muitos na comunidade acadêmica sentem que as medidas ainda são insuficientes para compensar os anos de desinvestimento. Como a greve continua, a necessidade de um diálogo construtivo entre governos e instituições educacionais torna-se mais urgente, visando garantir a sustentabilidade e a qualidade do ensino superior público no Brasil.