O ex-presidente Jair Bolsonaro presta depoimento nesta terça-feira (10), em Brasília, no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal que o investiga por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A oitiva foi marcada pelo relator Alexandre de Moraes após o avanço das investigações da Polícia Federal, que apontam a existência de um plano organizado no alto escalão do governo Bolsonaro para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após a vitória eleitoral de 2022.
A denúncia aceita pelo STF em março de 2025 detalha a atuação de Bolsonaro ao lado de generais, ministros e aliados, incluindo Anderson Torres e os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno. As provas incluem a delação de Mauro Cid, vídeos de reuniões ministeriais e rascunhos de decretos golpistas encontrados no Planalto. Bolsonaro é acusado de instigar e coordenar ações para desacreditar o sistema eleitoral, sugerindo, ainda durante seu mandato, medidas preventivas contra o resultado das urnas.
Durante o depoimento, Bolsonaro enfrenta pela primeira vez, presencialmente, o ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de perseguição política. A defesa tentou incluir noitiva uma série de vídeos com críticas ao TSE e declarações de autoridades estrangeiras, mas teve o pedido negado. A estratégia do ex-presidente deve se concentrar na tentativa de deslegitimar o processo e reforçar seu discurso de vítima de um complô institucional.
A sessão desta terça-feira representa um ponto de inflexão na investigação e poderá determinar os próximos desdobramentos da ação penal. Se condenado, Bolsonaro pode enfrentar penas superiores a 20 anos e ficar inelegível até 2040. O caso, que já provocou forte polarização no cenário político, ganha agora contornos definitivos, com implicações diretas para as eleições de 2026 e para o futuro da democracia brasileira.