Sobrevivente da ditadura, Nilmário Miranda marca os 60 anos do golpe militar no Brasil com o lançamento de seu livro, “Por trás das chamas”.
Este trabalho resgata relatos de indivíduos que foram perseguidos durante o regime militar. O título alude aos fornos da usina de açúcar Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ), local tristemente notório por incinerar corpos de vítimas da repressão.
Nilmário, que serve atualmente como assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), descreve o livro como uma obra de combate, intervenção política e educativa.
“Ele compila nove relatos pungentes sobre a ditadura e as árduas batalhas travadas por várias organizações de esquerda para resistir e tentar suplantar o regime, lutas estas que foram marcadas por confrontos desproporcionais e consequências trágicas para os envolvidos”, explica o autor, que também sofreu perseguição e tortura durante a ditadura.
Nilmário enfatiza a urgência de preservar a memória do regime ditatorial, especialmente diante do ressurgimento de movimentos extremistas e neofascistas, tanto no Brasil quanto ao redor do mundo, que propagam desinformação e ideologias antidemocráticas. “É vital que as novas gerações, especialmente os jovens de hoje, compreendam esses eventos históricos para fortalecer nossa democracia”, argumenta.
O livro também narra as experiências de Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier, amigos de infância e líderes estudantis que foram membros da Ação Popular Marxista-Leninista (APML).
Eles foram sequestrados por agentes do regime durante o carnaval de 1974, no Rio de Janeiro.
“Por trás das chamas” não apenas recorda os horrores enfrentados por militantes, mas também documenta a repressão imposta a movimentos e partidos políticos, destacando como os direitos de organização foram severamente restringidos pelos militares.