Em Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, Pará, a comunidade quilombola da Providência enfrenta sérias ameaças devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos por fazendas locais.
Recentemente, uma mulher do quilombo sofreu um aborto, uma consequência trágica da exposição a esses venenos, que são aplicados a cada dez dias nos arrozais da região.
As fazendas, pertencentes a empresa Salvaterra Alimentos, foram identificadas pela imprensa como fontes deste despejo irregular de pesticidas.
Durante uma inspeção realizada pela Defensoria Pública do Estado do Pará, foram revelados múltiplos efeitos adversos à saúde dos moradores locais, incluindo episódios de desmaios, vômitos, e problemas respiratórios.
Os residentes também relataram agressões físicas e restrições de acesso a suas próprias terras, exacerbando as tensões e o sofrimento da comunidade.
O conflito fundiário no local é agravado pela expansão dos arrozais sobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos quilombolas, com denúncias de violações de direitos humanos e ambientais.
A situação crítica em Salvaterra destaca a necessidade de uma resposta governamental efetiva, incluindo a regularização das terras quilombolas e a implementação de medidas de segurança e saúde mais robustas para proteger estas comunidades vulneráveis contra os impactos devastadores do agronegócio.
“A crescente utilização de agrotóxicos causam preocupações quanto à saúde pública e ao meio ambiente. Estudos já conhecidos têm associado a exposição a esses produtos químicos a uma série de problemas, incluindo câncer, distúrbios neurodegenerativos e malformações congênitas”, registrou o professor Vinicius Miguel, do Grupo de Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos Mapinguari, da Universidade Federal de Rondônia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas são intoxicadas por agrotóxicos anualmente.
Autor: Hiran Castiel