Brasília – Em um avanço histórico para a integração sul-americana, uma estatal chinesa formalizou nesta semana o acordo para implementação da Ferrovia Transoceânica, uma ambiciosa malha ferroviária que conectará o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, passando pelo coração do Brasil e posicionando Rondônia como peça-chave no novo eixo logístico do continente.
Uma Nova Rota Continental
O traçado do projeto prevê a ligação entre o Porto do Açu (RJ) e a costa do Peru, cruzando estados estratégicos como Minas Gerais (MG), Goiás (GO), Mato Grosso (MT), Rondônia (RO) e Acre (AC). No contexto logístico, Rondônia ganha destaque como elo entre o Centro-Oeste produtor e o acesso ao Pacífico, via região andina.
A ferrovia promete encurtar distâncias e custos de transporte de commodities agrícolas, minerais e manufaturadas, conectando diretamente a produção brasileira aos mercados asiáticos sem a necessidade de transitar por rotas marítimas tradicionais, como o Canal do Panamá.
Acordo Internacional e Investimento Bilionário
O projeto é liderado pela estatal China Railway International Group (CRIG), com apoio do governo federal brasileiro e parceria com autoridades peruanas. O memorando de entendimento foi assinado em Brasília, prevendo investimentos estimados em mais de US$ 15 bilhões, além de estudos técnicos, ambientais e de viabilidade já em andamento.
A expectativa é que as obras se iniciem em 2026, com a construção por etapas, integrando gradualmente a malha nacional à rede ferroviária andina.
Rondônia como Protagonista Logístico
A passagem da ferrovia por Porto Velho, capital rondoniense, representa uma revolução na infraestrutura regional. Atualmente, Rondônia já desempenha papel fundamental no escoamento de grãos via hidrovia do Madeira. Com a chegada da ferrovia, o estado se consolida como hub logístico intermodal, unindo rodovias, rios e trilhos.
A valorização de Porto Velho e demais municípios cortados pela ferrovia deve impulsionar a industrialização, gerar milhares de empregos diretos e indiretos e atrair investimentos nacionais e estrangeiros. “Estamos deixando de ser apenas um ponto de passagem para nos tornarmos eixo de decisão econômica internacional”, destaca um representante do setor empresarial de Rondônia.
Impactos Econômicos e Estratégicos
- Redução significativa de custos logísticos para o agronegócio e mineração.
- Integração territorial e comercial entre Brasil e Ásia.
- Aumento da competitividade de produtos do Norte e Centro-Oeste.
- Reforço da posição geopolítica brasileira na América do Sul.
Além disso, a ferrovia poderá fortalecer a presença chinesa na região, o que levanta debates sobre soberania e equilíbrio nas parcerias internacionais.
Ambientalistas e Povos Tradicionais em Alerta
Embora o projeto seja visto com entusiasmo por muitos setores, organizações ambientais e representantes de povos indígenas exigem garantias de que a ferrovia não comprometerá biomas sensíveis, especialmente na Amazônia Legal. Rondônia, com sua rica biodiversidade, será uma das áreas mais monitoradas durante as licenças ambientais.
Um Futuro Sobre Trilhos
A Ferrovia Transoceânica representa não apenas um empreendimento de engenharia, mas uma mudança de paradigma na logística sul-americana. Rondônia, antes vista como periferia da economia nacional, assume papel central como conector entre o agronegócio brasileiro e os portos asiáticos. O estado, que já foi símbolo de isolamento, agora poderá ser lembrado como porta de saída do Brasil para o Pacífico.